Anatel anuncia redução de chamadas curtas e divulga lista de empresas “ofensoras”

Agência Nacional de Telecomunicações divulgou nesta quarta-feira, 01, um balanço que mostra uma significativa redução no número de chamadas curtas, com duração inferior a três segundos, entre junho de 2022 e janeiro de 2023 no país. Segundo a Anatel, essa queda “consistente e constante” tem relação direta com as iniciativas da agência de combate ao telemarketing abusivo. Só para efeito de comparação, em junho de 2022,  semana em que foi publicada a primeira medida cautelar nesse sentido, eram feitas em média 4 bilhões de chamadas curtas por semana. Já na terceira semana de janeiro deste ano, entre os dias 15 e 21, foram identificadas apenas 2,47 bilhões de ligações desse tipo, uma redução de cerca de 40%.

Utilizando a média de chamadas curtas realizadas nos 30 dias anteriores à primeira medida cautelar como base de comparação, a Anatel calcula que é como se 41,3 bilhões de chamadas curtas tivessem deixado de ser realizadas entre 12 de junho de 2022 e 21 de janeiro de 2023.  Ainda de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações, isso significa que cada cidadão brasileiro recebeu cerca de 200 chamadas curtas a menos nesse período.

A publicação de medidas rígidas em relação aos serviços de telemarketing e telecobrança tem gerado preocupação no setor. Em entrevista à Consumidor Moderno em novembro do ano passado, a Associação Brasileira de Telesserviços (ABT) chegou a afirmar que as novas normas e a forte interferência da agência poderiam inviabilizar a atividade econômica. O principal ponto de debate é em relação ao Despacho Decisório 250/2022, publicado no dia 19 de outubro. Na publicação, a Anatel determina o bloqueio das linhas telefônicas das empresas que gerem 100 mil chamadas curtas por código de acesso em um dia e também aquelas em que a quantidade de chamadas deste tipo representem 85% ou mais do total de ligações efetuadas.

Ao comentar a redução das chamadas curtas do ano passado para cá, a Anatel afirmou que está avançando no diálogo com empresas e entidades com o objetivo de aprimorar as medidas adotadas com a intenção de proteger o consumidor do telemarketing abusivo. Segundo a Agência, em dezembro de 2022 foram abertas inscrições para rodas de conversa sobre o tema e, já em janeiro, diversas reuniões com stakeholders aconteceram. A Anatel reforça que, nesses encontros, vem percebendo que várias empresas estão adotando boas práticas e implementando mudanças culturais em benefício dos consumidores.

A Agência também destaca que vem discutindo com associações de empresas de telemarketing e cobrança formas de se buscar o equilíbrio entre a atividade legal que desempenham e o uso racional dos serviços de telecomunicações. Um dos pontos discutidos é a adoção de medidas de identificação e autenticação de chamadas que permitam ao consumidor saber, no momento do recebimento da chamada, a empresa que originou a ligação. Em fevereiro será realizado um novo ciclo de debates com quase 50 entidades para colher sugestões e críticas sobre a regulamentação. A ideia é produzir um relatório com as impressões da sociedade sobre a questão das chamadas abusivas, mapeando efetivamente os efeitos positivos e os problemas encontrados até aqui.

Separando “o joio do trigo”

Como previsto, a Anatel consolidou uma lista das 20 empresas que mais realizaram chamadas curtas entre 30 de outubro e 24 de dezembro de 2022. Para entrar nessa lista dos “Maiores Ofensores” as prestadoras de serviço de telecomunicação tiveram uma proporção entre o total de chamadas curtas e o número de chamadas totais acima de 85% e/ou ultrapassaram os limites de ligações curtas estabelecidos na medida cautelar publicada em outubro do ano passado. A lista foi disponibilizada no site da Anatel.

Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), que representa o setor de contact center no Brasil, divulgou uma nota informando que nenhuma das empresas associadas à ela foram citadas na lista “Maiores Ofensores de Ligações Abusivas”, divulgada nesta quar-ta-feira, 01. Segundo a ABT, o resultado não surpreende já que “suas associadas seguem rígidas práticas operacionais do código de autorregulação do setor, o PROBARE, que há muitos anos implementa regras que proíbem ligações insistentes, especialmente para quem manifesta sua vontade de não mais ser contatado para ofertas”.

No posicionamento enviado à Consumidor Moderno, a ABT ainda cita que as regras ditadas pelo código de autorregulação do setor, o PROBARE, têm um alcance até mais amplo e detalhado do que as regras da Anatel: “A ABT considera legítima a iniciativa da Anatel por ser capaz de separar as empresas sérias, que empregam milhões de pessoas, em especial jovens em seu primeiro emprego e em situação de vulnerabilidade social, daquelas que não respeitam o consumidor no Brasil”.

Qual empresa me ligou?

Anatel lançou oficialmente no seu portal uma ferramenta de consulta que permite ao usuário descobrir, por meio do número originador da chamada recebida, qual é a empresa que está ligando para o telefone dele. É a “Qual Empresa Me Ligou”. Com essa iniciativa a Anatel espera empoderar ainda mais o consumidor e fortalecer o combate ao telemarketing abusivo.

A ferramenta já estava prevista no Despacho Decisório nº250/2022, que determinava que as prestadoras de serviços de telecomunicações disponibilizassem via internet um meio para que o cidadão interessado pudesse identificar o titular de determinados códigos de acesso. Neste primeiro momento, estão incluídas na ferramenta da Anatel: Algar, Claro, Oi, Sercomtel, Tim e Vivo. A agência pretende agregar informações das demais prestadoras de serviço de telecom nos próximos meses.

Fonte: Consumidor Moderno